A educação que vai além do diploma também é motivo de celebração e orgulho constantes. Esse aspecto é exaltado pelo Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) e por aqueles que têm suas histórias de vida ligadas ao ensino técnico oferecido pela instituição. É o caso dos egressos André Santana (Campus Rondonópolis), Felipe Silva (Campus Sorriso) e Thálita Araújo (Campus Cuiabá – Octayde).
Nesta data 23 de setembro, há mais de um século, em 1909, o então presidente da República, Nilo Peçanha, criou as primeiras Escolas de Artífices do Brasil, consideradas o embrião dos Institutos Federais (IFs). Essas instituições públicas de ensino oferecem educação profissional, científica e tecnológica em todos os níveis (básico, técnico e superior) no país.
Em 2009, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou o Projeto de Lei que instituiu o dia 23 de setembro como o Dia Nacional dos Profissionais de Nível Técnico. Dentro dessa celebração, há inúmeras realidades a se destacar — de estudantes a professores —, incluindo os egressos, que construíram histórias dentro da instituição e hoje compartilham seus aprendizados com o mundo.
Gestores e organizadores administrativos que fazem a diferença
“O IF gera várias experiências. Valeria um dia inteiro sentado para conversar sobre isso.”, relata André Santana, egresso do IFMT Campus Rondonópolis. Embora considere difícil resumir toda sua vivência na instituição, destaca a qualidade das aulas do professor Ademilso Lira, que o marcou. Outra experiência de grande impacto foi a disciplina “Relações Interpessoais”, ministrada pelo professor Adergildo Cardoso.
“Uma vez ele fez um discurso sobre a importância da inutilidade das coisas, eu sempre lembro dos exemplos e como cada coisa tem sua importância.”
André Santana, egresso do curso Técnico em Secretariado, ofertado pelo Campus Rondonópolis. Na foto, o jovem com atualmente 25 anos, ainda estava no seu período de formação pelo campus
Com 25 anos, André, Técnico em Secretariado, trabalha como Técnico Administrativo em Educação na Universidade Federal de Rondonópolis (UFR). Ele afirma que passou a compreender melhor o papel do Secretariado ao perceber a importância de tomar decisões, organizar processos e até apoiar a gestão estratégica. “A formação ajuda a pensar rápido e entregar resultado mesmo na pressão.”
No seu cotidiano, André destaca que seu “olhar técnico” o ajuda a observar detalhes, prever problemas e propor soluções práticas que facilitam a organização de eventos e a estruturação de fluxos de trabalho. No setor administrativo público, considera fundamentais os conhecimentos adquiridos no IFMT para a resolução de atividades complexas. “Recentemente, precisei organizar uma atividade sem quase nenhum recurso. Usei criatividade, planilhas e muito improviso técnico… e deu certo.”
Aos 18 anos, Thálita Araújo também conquistou sua representação nesta data comemorativa por meio do curso Técnico em Secretariado. Egressa do Campus Cuiabá – Octayde, ela conta que, além de aperfeiçoar sua organização e comunicação profissional, a formação foi essencial para sua entrada no mercado de trabalho.
Thálita Araújo, egressa do curso Técnico em Secretariado, ofertado pelo Campus Cuiabá – Octayde. Na foto, a jovem com atualmente 18 anos, ainda estava no seu período de formação no campus
“No início da minha carreira profissional, facilitou bastante meu desempenho em entrevistas de emprego e, principalmente, tem sido muito útil no meu trabalho atual.”
A importância do Secretariado, em muitas ocasiões, não é compreendida por quem observa de fora. Entretanto, para Thálita, valorizar e mostrar a complexidade e relevância da profissão são fatores indispensáveis. Além disso, ela enxerga com bons olhos a chegada da tecnologia e da Inteligência Artificial à área. “Abre espaço para que o profissional foque em funções estratégicas, como organização de processos, comunicação e atendimento especializado, mostrando que o papel humano continua essencial.”
Com uma trajetória fortemente ligada ao IFMT, Thálita atualmente atua na recepção do Gabinete da Direção-Geral do Campus Cuiabá – Octayde. Mesmo inserida no dia a dia profissional do campus, não deixa de valorizar os momentos vividos como estudante. Ao ser questionada sobre o que diria a si mesma no primeiro dia de aula do curso técnico, ela responde: “Aproveitar todos os momentos que a instituição oferece, desde os estudos até as atividades de lazer, como esportes, intercursos, JIFs e outras oportunidades. Cada experiência conta e contribui para o seu crescimento pessoal e profissional.”
O tornar-se técnico pelo IFMT: entre laboratórios, estágios e descobertas
Os cursos técnicos integrados ao Ensino Médio são um dos grandes diferenciais do IFMT, pois oferecem profissionalização já na fase escolar. Entretanto, a instituição vai além do Ensino Médio Integrado (EMI), oferecendo diversas modalidades educacionais, inclusive de Pós-Graduação. Atualmente, são ofertados:
- 55 cursos de Ensino Médio Integrado (EMI)
- 26 de Bacharelado
- 28 de Tecnologia
- 20 de Licenciatura
- 11 Subsequentes ao Ensino Médio
- 15 de Formação Inicial e Continuada (FIC)
- 5 de Especialização
- 5 de Mestrado
- 2 turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA)
- 1 curso Concomitante
No âmbito do EMI, está o curso Técnico em Alimentos, oferecido em alguns campi, incluindo o IFMT Campus Sorriso. Foi nessa unidade que o egresso Felipe Silva concluiu sua formação técnica. Sua trajetória incluiu diversos momentos relevantes, como participação em feiras de ciências, lançamentos de foguetes e projetos de extensão. No entanto, ele guarda com mais carinho as experiências vividas no estágio.
“Foi nele que tive a oportunidade de consolidar os conhecimentos teóricos que adquiri e, principalmente, de aplicar na prática o conteúdo relacionado à área de alimentos, boas práticas e segurança, que aprendemos durante o curso.”
Entre os conhecimentos adquiridos, Felipe destaca as boas práticas de fabricação e o controle de qualidade, que o ajudaram a compreender a importância de cada etapa nos processos de uma indústria alimentícia. Nesse cenário, prazos e compromisso com clientes representaram desafios, mas sua formação técnica o preparou para enfrentá-los, tornando-se um diferencial em seu perfil profissional.
“Na minha experiência, pude observar que muitos profissionais da área não possuem essa base técnica e visão crítica que desenvolvemos durante o curso, o que tornou a minha formação um diferencial significativo no meu dia a dia de trabalho.” Atualmente, analista de laboratório na Gelnex Industria e Comercio Ltda – empresa fabricante de alimentos localizada em Sorriso (MT) –, Felipe enfatiza que a formação técnica lhe abriu diversas portas.
O jovem de 20 anos destaca como fundamentais as experiências com cronogramas apertados e a atenção do corpo docente, que o auxiliou a compreender em sala de aula os conhecimentos da área de alimentos, qualificando-o para o crescimento profissional.
“Muitas empresas buscam profissionais qualificados nessas áreas, e a formação do IFMT me permite essa qualificação. Conhecimentos como a análise microbiológica, aplicação correta de segurança e boas práticas são ferramentas que acabo utilizando todo dia, abriram dezenas de portas para o meu crescimento na carreira.”
O ensino técnico transformou e continua transformando vidas. Por isso, este dia deve ser celebrado com carinho, pois representa mais do que estruturas físicas: simboliza espaços de aprendizado e transformação. Assim como Felipe conclui ao recordar sua passagem pelo IFMT: “É um ambiente que nos permite ter liberdade para realizar pesquisas e desenvolver nossa criatividade na área.”
Texto: Andrey Bonfim – Estagiário de Jornalismo – RTR
Revisão: Rafaela Souza – Jornalista – RTR

