O fogo e a água
A paz e a guerra
O Norte e o Sul
A praia e a serra
Muito homem, muito espaço
Muita mulher, pouco espaço
Muito amor, pouca permissão
Muito ódio, muita cor.
Tudo começou, chegaram.
O tiro foi esse.
Nus estavam, estávamos.
Nua, a alma pálida estava.
Vermelha pele
Vermelho sangue
Vermelha terra
Vermelha madeira.
Tudo piorou, chegaram
Chegamos, ficamos, morremos.
A alma que não tinha alma
A vida que não era vida.
Sarará crioulo
Com dominatrix de engenho
A vermelha terra volta
Mas de que importa? Cana-de-açúcar!
Brasil, coração de mãe
Sempre cabendo mais um
Grande pátria, casa grande
Nação pobre, ingratidão.
Contagem regressiva:
90, novo mundo, esperança
89, fecha-se um ciclo, democracia
88, liberdade, papel rasgado.
Minha raça é de dor.
Minha cor é trivial.
Minha pele é amor.
Minha dor é o carnaval.
A política é real
É ação carnal
É banal e quando lhe convém
Se torna sexual.
O pobre é feito de bovino
O Estado é feito de mitos
A angústia é feita por homens
E o futebol é feito de gritos.
Mas há esperança
Mesmo que morta e ausente
Lutarão sempre,
Marielles... (presentes)!
*Aluno do 3º ano do Curso Técnico em Alimentos
Instituto Federal de Mato Grosso –campus Rondonópolis